Imagine a oferta de um investimento que promete ser seguro, líquido e rentável. Ou seja, um mesmo ativo, fundo ou seja o que for, que supostamente consegue entregar uma boa rentabilidade, com baixo risco e que você pode resgatar rapidamente. Parece tentador não é mesmo?
No entanto, nenhum investimento, seja ele de natureza financeira ou não, consegue ser simultaneamente seguro, líquido e rentável. Os economistas chamam isso de trade-off, ou dilema dos investimentos. É quase que uma das leis do universo. Em tempos de juros baixos e inflação elevada, é comum surgirem ofertas, histórias ou boatos de investimentos milagrosos, e o investidor ou investidora deve estar atento a esses conceitos.
A segurança está associada ao risco e/ou volatilidade do investimento, e aqui cabe lembrar que não existe um investimento 100% seguro. Claro que na renda fixa temos uma maior segurança, pois há um contrato informando o indexador, o prazo do investimento, e naturalmente quanto maior o prazo, maior tende a ser a rentabilidade. A liquidez está ligada à velocidade com que o investidor consegue resgatar o investimento. E a rentabilidade, como todos sabem, é proporcional ao risco.
Note que um investidor(a) conservador(a), que normalmente preza pela segurança e liquidez, terá muita dificuldade de obter bons rendimentos. Porém, se ele(a) puder abrir mão da liquidez sobre uma parcela do seu patrimônio, ou seja, investir visando a um prazo mais longo, terá acesso a investimentos mais rentáveis e com um bom nível de segurança. Já um investidor(a) de perfil mais arrojado, que tende a privilegiar alta rentabilidade e liquidez, terá que abrir mão da segurança para alcançar os seus objetivos.
Entre os três fatores (segurança, liquidez e rentabilidade) é possível ter dois ao mesmo tempo, mas nunca os três! Alguns investidores e investidoras certamente se recordam do período em que tínhamos no Brasil, juros elevados, com resgate diário e garantia do Tesouro Nacional. Apesar da aparente quebra do trade-off dos investimentos, sabemos que o país flertava com riscos elevados (moratória, hiperinflação), e que era impossível pagar juros tão elevados por muito tempo.
Em matéria de investimentos, o famoso ditado popular ”quando a esmola é demais, o santo desconfia” é mais do que válido.
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